terça-feira, 16 de julho de 2019

O céu ganhou (mais) uma estrela


Vamos falar um bocadinho sobre o Doutor, o gato que mudou o rumo da nossa vida!

Em 2017, depois de vários problemas e desafios a nível pessoal, eu e a minha cara metade decidimos ir viver juntos. Dois jovens cheios de amor, sonhos e muitos ideias/objectivos traçados, mas sem a mínima noção das dificuldades que iríamos encontrar pela frente. Após o processo da escolha do apartamento, das mudanças e de todo o caos que isso causa, decidimos ficar com um pequeno gato branco, o que iria dar brilho, responsabilidade e amor à nossa casa e às nossas vidas.

Era obviamente a única coisa que faltava para preencher o nosso espaço, um amor de 4 patas (visto que ficarmos com a Chanel cá, não era de todo possível) que nos recebesse com alegria sempre que chegássemos a casa, que nos desse amor e nos deixasse retribui-lo!

Sem dúvida, que o Doutor foi o gato mais adequado a nós! Uma personalidade bastante forte, um mau feitio que não passava despercebido a quem o conhecesse, mas um coração gigante. Pregou-nos muito sustos (desde as vezes que se atirou abaixo da varanda e onde passava horas debruçado nas grades da mesma até às vezes que fugia e me fazia subir até ao topo do prédio para o ir buscar, e o trazer no meu colo), mas estamos certos que ele nos trouxe muito mais coisas positivas do que negativas. Ah, e para além de que era uma excelente companhia, nas noites frias era maravilhoso dormir com ele aos pés da cama!

E foi assim durante um curto espaço de tempo, vivemos felizes e unidos como uma família de verdade. Até que, o Doutor deixou de comer, de ser o arisco que sempre foi, e apenas queria sossego e o nosso mimo. O que não é normal num gato como ele, e ainda tão novo, porque o Doutor ainda não tinha completado 2 aninhos.

Pensei que se tratava de um pequeno problema, mas não... O Doutor possuía uma anemia hemolítica imunomediada onde basicamente o seu próprio sistema imunitário se destrói a ele próprio, matando os glóbulos vermelhos que são fundamentais para a sobrevivência de todos nós! Descobrimos isto, de um dia para o outro, quando o levamos de urgência para o Veterinário. A Drª Andreia disse-nos várias vezes ao longo dos últimos dois dias de vida do doutor que ele era um herói, dado a gravidade da doença, e que era quase inacreditável ele ainda estar vivo. Só para terem uma pequena noção, o valor mínimo de glóbulos vermelhos nos gatinhos é de 28%, no dia que o levamos, ele estava com 7,7% e no dia seguinte, já em fase de vigilância médica e tratamento, ainda baixou para 6,2%...

Depois de várias tentativas falhadas, e de esgotarmos todas as opções, já só havia um destino para o nosso amor de 4 patas. Das decisões mais injustas e duras, que tivemos até agora! É um sentimento tão grande de impotência, que não há forma de superar isto tão facilmente...

O Doutor partiu e com ele morreu uma parte de nós. O nosso lar ficou incompleto e incontornavelmente, mais triste e vazio. Hoje, uma semana depois, ainda temos as coisas dele num cantinho porque nenhum foi capaz de arrumar o espaço dele. Ainda temos alguns pêlos dele espalhados pela casa mas já não sentimos o cheirinho nem o amor dele, e isso doí. Doí mesmo! Só quem passa pelo mesmo, ou partilha de amores como este entende, mas o que importa são pessoas assim.

Gratos pela oportunidade de nos ter calhado um gato tão especial como o Doutor, e nos ter sido possível amar tanto um bigodes com tão mau feitio. Lamentamos, não termos sabido que estarias na nossa vida num tão curto espaço de tempo, mas com a intensidade que vivemos, isso ninguém nos vai tirar! Terás sempre um lugar bem importante e quentinho, no nosso coração e nas nossas memórias...

   A vida por vezes é injusta e tira-nos aqueles que mais amamos, de um dia para o outro. Por isso mesmo, não deixes nada para amanhã, muito menos deixes os que amas para segundo lugar só porque achas que os vais ter por muito mais tempo. Nada é mais importante do que os NOSSOS!





Obrigada ao Filipe, por ter começado este texto e me ter incentivado a acaba-lo, a edita-lo e a partilha-lo convosco.

Beijinho, WN?

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